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ATORES BACABALENSES GRAVAM FILME

ATORES BACABALENSES GRAVAM FILME
ATORES BACABALENSES GRAVAM FILME "O caminho proibido" é a nova onda que atores bacabalenses estão vivenciando desde fevereiro. O elenco, formado em sua maioria por integrantes do grupo Faces da Arte, de onde surgiu a idéia, conta também com a participação de atores de outros grupos como Cia Curupira e Facetários. Dirigido por Rogê Francê, o filme traz em seu roteiro a trama de um relacionamento mal resolvido entre Kátia (Laiza Hawitt) e Fernando (Costa Filho), que, no trajeto de uma reconquista, vão se deparar com um "caminho proibido". Ali acontecerão cenas de ação, suspense e mistério e morte entre o casal e dois psicopatas interpretados por José Wilker (Cia Curupira) e Pablo Evangelista (Grupo Facetários). "Algumas cenas já foram gravadas. Mas há ainda muita coisa há ser feita, pois um filme, por simples que seja, requer longas horas de trabalho", diz o roteirista e diretor Rogê Francê. Segundo o elenco, os recursos de produção serão um segredo para o público, que certamente vai se encantar com o resultado. Costa Filho, que já protagonizou "A milagreira", filme ainda não concluído, dirigido por Sônia Maria e Joabe Ricardo, se mostra otimista com mais uma experiência na área cinematográfica. "É gratificante participar de mais um filme. Não é nem um Titanic ou trilogia de Harry Potter, mas nas pequenas ações também pode se deixar grandes lições", conclui o ator. Confira neste blog fotos e vídeos do "'making of" desta produção cinematográfico-bacabalense. NA FOTO alguns do elenco: Costa Filho e José Wilker (agachados), Laiza e Rogê (no meio abraçados)

sábado, 28 de março de 2020

17 - O ENCARCERADO (Costa Filho)



Costa Filho, literato bacabalense
Naquele dia Agamenon acordou tarde. Olhou-se no espelho. Estava mais velho, porém disposto. Era como se tivesse dormido uma eternidade. Cada um tem sua eternidade. E a dele ia fazer uns dois meses. Nem supermercado, nem teatro, nem lugar algum, só em casa, nessa ele se permitia ficar, manhã, tarde e noite. Até o jornaleiro tinha despachado por um tempo. Queria isolar-se na sua chácara. Queria dias longos e noites bem dormidas. Queria fazer de cada dia de sua vida, uma eternidade com qual já se habituara. Como de costume, quase não deixava seu ninho. Seu confortável ninho. Não precisava deixá-lo. Adorava sua própria companhia. Além do mais tinha consigo Carlindo e Joana, um amável casal de serviçais que, morando nos fundos, lhe cuidavam e lhe faziam boa companhia. Vivia no conforto e podia ter tudo o que quisesse, mas preferia a tradição. Detestava as redes sociais e por extensão, as tecnologias, até o mais óbvio: a televisão.  Até o radinho de ondas curtas perdeu a voz. A vez agora era dele, com sua vida peculiar. Ultimamente, se isolara mais ainda do mundo exterior, socando-se nos seus livros de papel e nos seus escritos sem fim. Tudo naturalmente. Essa era uma escolha que o deixava feliz. 
Agora acordara uma vez mais, e já não sabia nada do mundo, nem sobre as notícias recentes. Não sabia de nada lá fora, nem tinha pressa por isso. Sua única pressa e notícias que o interessavam naquele momento estava na caixa postal do correio e nas cartas que mais tarde iria postar.  Vestiu-se como um inglês e saiu em seu calhambeque, repleto mais de zelo e estilo, do que de ostentação, logo, isso não o envaidecia. Não era nada, além do que o usufruto de sua vida de trabalho na juventude.
Saiu rua a fora. O primeiro impacto estava na primeira esquina, na segunda, na terceira, em todas as esquinas. E continuava o suspense, nas ruas vazias, nas portas cerradas, nos sobrados tristes, na cidade fantasma. Os semáforos reclamavam o movimento infernal dos veículos e transeuntes a disputar um mesmo espaço; os consultórios, cafés, shoppings, parques e paradas jaziam sozinhos e calados. Não tinha o artista de rua, nem o vendedor de balas, não havia ricos, nem mendigos nas calçadas, nem nas praças.  Apenas achou normal, mas um normal anormal. E continuou seu caminho já de volta. Numa esquina cruzou com um veículo cheio de pessoas com roupas brancas parecidas enfermeiras e médicos. E lá mais longe uma ambulância ia lhe passar ao meio, se o sinal não abrisse logo. Aí foi que não quis perguntar mesmo. E não tinha mesmo a quem perguntar.
Estrada da Bela Vista em quarentena, marc./ 2020
Era tudo um cenário ermo, enigmático, mas sobretudo, estranho. Aquilo havia de ser ilusão, um sonho, qualquer coisa, menos uma verdade. Mas a verdade logo veio se comprovar quando uma viatura lhe passou averiguando os modos e lhe acusando com um olhar repreensível. Estranhou que os homens da lei lhe parecessem uns terroristas, pois levavam no rosto uma espécie de capuz curto. Pela primeira vez, teve medo. Manteve a serenidade. Seguiu, agora mais intrigante. Na agência do correio, aonde ia, se estampava fechada, e as portarias e vitrines sem os costumeiros guardas. Começou a perceber que os órgãos públicos, e as escolas, e as autarquias, e o setor privado, e o comércio e a indústria, estavam com a mesma cara do correio: triste e vazia. Agora se lembrava que as pouquíssimas pessoas que vira pelo caminho, algumas delas eram também como que terroristas à paisana. Não parou para perguntar nada, nem à moça que limpava um corrimão de escada em sua varanda. Em outras varandas e cozinhas americanas, viu pessoas a lavar as mãos e outras ainda a esfregá-las pelas ruas e jardins.
Sem cartas da caixa postal e com as mesmas cartas que levou, volveu o caminho de volta à chácara. Apesar de ser um dia enxuto e lindo, lhe parecia o mais bizarro de todos os seus dias. E era. Não se viam mais por ali crianças dantes catando flores, nem jovens e guris jogando pelada, nem mesmo os passantes de suas obrigações, só uma pessoa e outra na janela, isolada, e alguns velhos nas portas a jogar baralho e a falar qualquer coisa mortal ouvida na televisão. E seguiam no seu jogo, entre a vida e a morte com as cartas passando de mão em mão.
Não quis saber disso. Seguiu ao seu ninho. Adentrou seu recinto bucólico. Sentiu o sossego e a segurança de sua morada. Lembrou que tinha tevê. Correu direto a ela. Logo ouviu uma notícia que lhe fez lembrar do cenário deserto da cidade. Andou por todos os canais, nacionais e estrangeiros. A mesma coisa, a mesma notícia a correr o mundo.
Da cozinha vieram, apavorados, Carlindo e Joana com um radinho na mão:
— Sinhô Agá precisa ir lavar as mãos.
— Já andei sabendo disso, Joana!
— E também ficar em casa.
— Carlindo, “Gratias ago Deo”, temos como ficar em casa.
Precavido, Agamenon se asseou como dito na tevê, pegou caneta e papel, pediu mingau de aveia e encarcerou-se em sua própria casa, no seu arejado escritório, de onde nunca deveria ter saído.
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(Costa Filho, "Sexta te conto", 2020, mar. 27)

terça-feira, 24 de março de 2020

ACADEMIA BACABALENSE DE LETRAS: 19 ANOS PROSEANDO COM A CIDADE E POETIZANDO A VIDA




Abeelinos em 1ª sessão de posse e diplomação-12.05.2001
2001 >> 2020...
Um breve mergulho em nossa história

Tudo começou no final do ano 2000, quando alguns nomes ligados às Letras locais sentiram a necessidade da existência de uma instituição formal que congregasse esses poetas, escritores e literatos em geral, bem como imortalizasse nomes já consagrados da nossa literatura como o poeta Brasilino Miranda, o padre escritor João Mohana e nomes circunvizinhos como o do pedreirense João do Vale.
A ideia inicial acha apoio e repercussão nos bancos do curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Campus do CESB, através de professores como Edelves Barros e Waltersar Carneiro, mestres por quem já tinham passado alguns acadêmicos de Letras, que mais tarde seriam membros da futura Casa Literária. Assim é que o poeta Zezinho Casanova, estimulado pelas teorias da universidade, ver um momento propício para a Literatura local se firmar como instituição. Para isso, o jovem literato leva a ideia a outros amigos congêneres.
Símbolos da ABL, um projeto de criação por Aline Freitas
Nesse cenário, destacam-se nomes como Costa Filho, já conhecido na cidade, que abraça a causa, tornando-se o “secretário-carteiro”, contribuindo na redação de documentos e entrega deles a poetas ainda não irmanados na causa. Nessa Comissão Pró-ABL, destacam-se, de modo pontual e assíduo, os primos Eduardo e Aline Freitas, que, com seu vasto acervo literário e experiências advindas da leitura, do Direito e de recitais na Capital foram de suma importância na elaboração do Regimento da instituição. Ela, ainda com 17 anos de idade, e não menos informada e habilidosa, se faz até então a primeira e talvez a única imortal de menor idade a adentrar às portas da ABL, graças à sua maturidade, seus múltiplos talentos e sua produção invejável. Seria dela a autoria dos símbolos da instituição. Já Liduína Tavares e Iraide Martins tiveram também relevante papel por suas experiências, quer pelo conhecimento da funcionalidade de grupos e instituições, quer pelo engajamento na área educacional ou artística, dando ao nascente grupo uma credibilidade alicerçada também no seu talento com a palavra-oratória e com a palavra-arte. Ao sábio e paciente Raimundo Sérgio, coube o aconselhamento em sua voz de tom baixo e o valor de suas trovas, muito bem organizadas. 
1ª sede da ABL, R. Rui Barbosa, Centro
Ao generoso Pedrenrique Coe, veio a natural incumbência pela mediação de conflitos, mas sobretudo, a disponibilidade de sua residência para as reuniões. Foi na Rua Rui Barbosa, na mesma casa onde morou seu patrono Almir Garcez Assaí, que funcionaria o primeiro endereço e sede da ABL.
É entre poesia, leis, humor, percalços e contratempos, que, após muito embate e cerca de três meses de discussão em torno do tema, que esses e outros literatos, fundam, em 24 de março de 2001, a Academia Bacabalense de Letras, carimbando assim o surgimento formal da instituição ícone do ramo literário de Bacabal e região do Médio-Mearim. A posse, se dá em 12 de maio, quando 16 membros-fundadores se tornam os primeiros “imortais” das Letras bacabalenses.
Mas chegar a esse ponto nobre e histórico não foi tão simples. As origens de uma ABL, hoje com 19 anos, guardam um período curto de intensa luta, estresse físico, cansaço mental e embates diversos. No caminho de quem procurava se firmar, a instituição iria encontrar pedras e barreiras de ordem institucional, como ausência de quórum e assembleias frustradas; de ordem jurídica, como critérios de filiação, regimentos e até mesmo dúvidas sobre a nomenclatura oficial da instituição; de ordem pessoal, já que nem todos os poetas e escritores locais se dispuseram à luta ou não acreditaram na posposta; e de ordem política, visto que o poder público da época, por não entender os objetivos de uma Academia de Letras, terminou criando um embate velado entre a nascente instituição e governo local. 
"Casa Chagas Araújo", 2ª sede-ABL
Não obstante, a ABL venceu e se tornou, com orgulho, a maior representante de nossa cultura literata com objetivos apartidários de representar o povo e sua história através da prosa, do verso e do teatro, elevando os patronos da instituição e seus membros ao patamar de cátedros imortais, pelo título vitalício de fundador e posse numa das 40 Cadeiras efetivas, ou numa das 15 poltronas para membros não nascidos ou residentes em Bacabal, mas que, sendo poetas ou escritores e morando em qualquer lugar, venham a se filiar.
Apesar de em sua trajetória, a ABL ter caminhado sem a devida visibilidade que a instituição merece, ela sempre esteve viva, está viva e assim continuará, imortal como seus membros. É certo que muitos bacabalenses ainda não têm ou têm pouco conhecimento sobre essa Casa Literária, ainda um tanto anônima e sem sede própria, mas com status "on" permanente daquilo que a define melhor: a criação literária. Assim é que seus membros, além de nunca pararem de produzir, ao longo desses 19 anos, têm participado de modo individual, coletivo, representativo ou institucional de recitais, encontros, fóruns, conselhos, mostras, exposições, lançamentos, sessões públicas e cerimoniais da própria instituição e junto a outras academias e instituições afins.
Relação de membros efetivos e patronos, mar./2020
A ABL já publicou duas coletâneas com amostras da produção de seus membros (2005 e 2015) e uma terceira, a "Coletânea do Centenário" está no prelo da editora e no aguardo de seus membros para ser lançada brevemente.
Relação de membros correspondentes e patronos, mar./2020
Atualmente, em seu quadro de filiados, a ABL conta com 25 membros efetivos e três correspondentes; e, de todos os membros, cinco “in memoriam” e três Cadeiras em vacância.
Já estiveram à frente da instituição, no cargo de presidente: Francisco José da Silva (Zezinho Casanova); João Batista da Costa Filho; Cláudio Henrique Pacheco Cavalcante, bem assessorado por sua vice Aline Freitas Piauilino; e Liduína Francisca Tavares de Sousa Lima, cada um deixando seu legado de esforço e trabalho.
Para se filiar à ABL e preencher uma de suas poltronas, o literato se inscreve por meio de edital, depois do que sua obra será analisada por uma Comissão de Parecer da própria Casa, considerando conteúdo, forma e originalidade literária, ou seja, o não plágio. Alcançando unanimidade nos pareceres, o pleiteante é notificado, marcando-se a sua posse como imortal.



ELENCO TEATRAL

ELENCO TEATRAL
Homenagem ao amigo Malaka no DF

Amigos da ASDEBAL (Ao amigo Malaka no DF)

Amigos da ASDEBAL (Ao amigo Malaka no DF)

Uma cena que ensina em "Viver é adaptar-se" peça de Casanova e Lúcia Correia

Uma cena que ensina em "Viver é  adaptar-se" peça de Casanova e Lúcia Correia